eu destruirei vocês

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eu destruirei vocês #70: seis de dezembro de 1995

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eu destruirei vocês #70: seis de dezembro de 1995

uma newsletter perdida diretamente dos anos 1990

isabela thomé
Mar 22, 2023
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⚠️ AVISO ⚠️
esta edição da newsletter 𝒆𝒖 𝒅𝒆𝒔𝒕𝒓𝒖𝒊𝒓𝒆𝒊 𝒗𝒐𝒄𝒆̂𝒔 foi encontrada nos arquivos de um disquete perdido em um dos banheiros do estádio Heriberto Hülse, na partida de ontem entre Criciúma x Avaí
esta teria sido a primeira edição da 𝒆𝒖 𝒅𝒆𝒔𝒕𝒓𝒖𝒊𝒓𝒆𝒊 𝒗𝒐𝒄𝒆̂𝒔 a ser enviada por e-mail para os leitores, no dia 06/12/1995, porém a ideia foi descartada pelo fato da internet ainda não ser tão difundida no país naquele momento
nos primeiros anos da publicação, a 𝒆𝒖 𝒅𝒆𝒔𝒕𝒓𝒖𝒊𝒓𝒆𝒊 𝒗𝒐𝒄𝒆̂𝒔 era distribuída exclusivamente em quadros de anúncios nos terminais rodoviários de Criciúma e em locadoras de fitas, lojas de discos e espaços culturais da cidade

galáxia da era vermelha

Virtual Boy, o novo game da Nintendo

pra mim é uma loucura pensar que, há pouco mais de dez anos, nós estávamos todos jogando o game do Come-come nos fliperamas como se nossas vidas dependessem disso — e de certo modo, dependiam mesmo. em 1985, tudo que tinha pra se fazer era isso ou assistir Anastácia, a Princesa Esquecida na Sessão da Tarde, e eu não sei vocês, mas eu não sou tão fã assim de filmes românticos sobre a revolução russa

hoje em dia, com o avanço da tecnologia e dos computadores, os games estão com gráficos cada vez mais realistas — ainda não consegui jogar um PlayStation, mas a edição passada da Super GamePower mostrou alguns games que vão ser lançados nos próximos meses e cara, chega a ser assustador. Aquanaut's Holiday, por exemplo, se passa no meio do mar e te permite encontrar tubarões 3D e Resident Evil, novo jogo da Capcom, tem armas tão realistas que parece que eu estou em Sarajevo

mas de todas essas novidades gamísticas, a que eu mais estava empolgada pra conhecer de perto era o novo videogame 32-bit da Nintendo, o Virtual Boy — um moleque virtual, se preferir. desde que eu li sobre ele há vários meses, venho pensando em como esse hobby mudou desde a época dos jogos de Atari — imagina contar pra alguém que jogava River Raid que, em dez anos, vão existir jogos com realidade virtual? a pessoa me daria um soco na boca por proferir tal blasfêmia. mas agora isso existe, é real, e eu me sinto como se estivesse em Tron

pra quem tá por fora das notícias, o Virtual Boy é um portátil que te permite ver imagens na terceira dimensão, como se você tivesse sido levado por algum mago pra dentro do game. já quis em algum momento imaginar que você é o Mario matando umas tartarugas por aí? agora, com a tecnologia tridimensional desse game, você pode. e depois de meses procurando alguma locadora aqui em Criciúma que tivesse um, fico feliz em afirmar que sim, isso aqui é o futuro

em todos esses anos que eu sou fã da Nintendo, não me lembro de outra vez em que eu fiquei tão espantada com uma tecnologia — talvez só quando vi pela primeira vez aquele Diddy Kong computadorizado em Donkey Kong Country. é meio que um divisor de águas na história dos games, sabe? essa idéia de entrarmos em um jogo, que até agora parecia fantasiosa e irreal, deixou de ser. sentir o game não é mais coisa de filme de ficção científica. agora é realidade e virtual, tudo junto

tive a oportunidade — ou melhor, o prazer de jogar dois games que eu estava super empolgada pra dar uma olhada. Mario’s Tennis foi um dos primeiros jogos lançados pro Virtual Boy e tem tudo pra ser um dos melhores também — esse game é muito bacana. se você já se imaginou em algum momento da vida jogando tênis contra o Yoshi e o Bowser, você é muito estranho — mas agora existe um jogo especialmente pra você

sinto que a Nintendo viu que Super Mario Kart deu super certo e agora vai tentar colocar o encanador no máximo de esportes possível — não me surpreenderia se em breve tivermos um Super Mario Golf ou um Super Mario Soccer. a simplicidade de Mario’s Tennis é o grande forte do game: qualquer um pode pegar o controle na mão e imediatamente entender o que está rolando sem nem precisar ler o manual — é o Mario e ele está jogando tênis. coloque a bola no outro lado da rede. e isso se torna ainda mais instintivo quando você vê a bola vindo em sua direção — é como se eu realmente estivesse sendo atacada por um homem de bigode com uma raquete na mão

também tive o prazer de jogar Red Alarm, desenvolvido pela T&E Soft, mesmos criadores do totalmente tridimensional lançamento de Saturno Virtual Hydlide. Red Alarm é um jogo de navinha no estilo de Star Fox só que ainda mais tecnológico — é difícil de explicar sem vocês sentirem o 3D do videogame, mas parece que eu estou dentro de Star Wars. um dos primeiros chefes se chama Man-E Faces e eu adoro esse nome

Red Alarm é um jogo que funcionaria apenas no Virtual Boy. imaginar como seria jogar isso em uma tela normal, que não tenha a profundidade do 3D, me causa dor de cabeça — e olha que eu só imaginei. mas graças a Deus, tudo funciona perfeitamente no videogame e eu consigo distinguir sem dificuldades todas as linhas retas vermelhas distribuídas pelo mundo

atirar com as diversas armas é super divertido, a trilha sonora é muito legal e a única coisa que me deixa triste no jogo é que, de vez em quando, no meio da ação, aparecem várias mini-pessoinhas no solo correndo de toda a destruição que eu estou causando. em River Raid era melhor, eu não precisava ficar pensando nas consequências das minhas ações

e é, algumas pessoas podem reclamar que os jogos são só em preto e vermelho, mas assim… o Game Boy é a mesma coisa e eu não vejo ninguém reclamando. claro que eu gostaria de mais cores — já pensou um verde aí? — mas o que importa mesmo é a diversão, e o Virtual Boy entrega isso de uma maneira épica. pra mim, o século XXI começou a partir do momento em que eu coloquei meus olhos dentro desse capacete

no futuro não vai existir separação entre o real e o virtual, e eu mal posso esperar

ainda existirão atores?

Toy Story e o futuro da animação de computadores

eu sinto que estamos chegando em um ponto da humanidade em que os computadores vão cada vez fazer mais parte das nossas vidas — seja para o bem ou para o mal. esses dias, por exemplo, eu li uma reportagem na Super Interessante falando sobre os tais hackers, pessoas cujo hobby é invadir sistemas no ciberespaço para roubar dados de empresas ou pessoas — ou seja, hoje em dia a internet tá tão avançada que existe até crime nela

e parece que todo esse papo de internet está cada vez mais presente no dia-a-dia. toda semana eu aprendo sem querer algum termo novo relacionado a esse mundo — sistemas operacionais, placa mãe, rede BBS, coisas que eu não faço idéia do que significam mas que agora eu sei que existem. e só isso já mostra a força dessa nova tecnologia

talvez a maior prova dessa força é que estamos começando a ver reflexos do que acontece nos computadores também no mundo real. dia desses eu fui no cinema assistir Menino Maluquinho: O Filme — belíssima película, por sinal — e antes de começar, passou o trailer de uma nova animação chamada Toy Story — não confundir com Tolstói, que pelo que eu vi na Barsa é outra coisa completamente diferente

eu faço piadas pra disfarçar o desespero, porque isso é literalmente uma das coisas mais malucas que eu já vi em toda a minha vida. é simplesmente um filme inteiro feito pelo computador. não tem animação normal, tradicional, com artistas fazendo desenhos e coisas do tipo — é só um bando de doido na frente de um computador digitando umas coisas e aí sai um filme pronto pra quem quiser assistir. não tem atores nem é animação, é uma terceira coisa misteriosa

e não é algo restrito só a esse filme também. a abertura da nova novela das 20h, Explode Coração, é quase toda feita por computadores também — culpa do maluco do Hans Donner — e Cassiopeia é um filme brasileiro que vai ser lançado ano que vem que também utiliza essa tecnologia. vi numa revista Herói esses dias que passou um episódio de Simpsons nos Estados Unidos em que o Homer fica tridimensional também — ou seja, é uma inovação que dá pra ser usada até num episódio semanal de um programa de televisão. é loucura! é pura loucura

pra mim, Toy Story pode ser um divisor de águas na história do cinema — para o bem ou para o mal. explico: sim, é muito legal que existe um filme feito só com computadores, mas quais as implicações de uma tecnologia como essa pro futuro da humanidade? a única coisa que eu consigo pensar é que, quando essa tecnologia avançar ainda mais, talvez daqui a uns 50 anos, a gente possa ter um filme realista, igualzinho à vida real, sem nenhum ator

e quando chegar nesse momento, o que os sindicatos vão fazer? imagina só 20 milhões de atores ao redor do mundo sem trabalho, sendo substituídos por um só computador que cria um filme usando modelos tridimensionais e dubladores. e as pessoas, será que vão gostar de assistir um filme sem nenhum ator de verdade, só com gente de computador? um filme que é só efeitos especiais? eu não sei exatamente. o sucesso de Jurassic Park talvez aponte que a resposta seja sim, mas tem que ver o que vai acontecer se Toy Story rolar na grana nos cinemas

se isso acontecer, coitados de nós

considerações finais

pra quem vocês vão torcer nas semifinais do Brasileirão? meu avô torce pro Botafogo então acho que sou Fogão dessa vez, mas a única certeza que tenho é que o nosso ataque na Copa de 1998 precisa ser Túlio e Giovanni. qualquer outra coisa é marmelada.

“ah, mas e o Romário, faz o que com ele” manda pro Criciúma. a gente usa ele pra alguma coisa. reserva do Ney Bala


esses dias acordei às 8h da manhã no domingo e descobri um novo programa incrível no SBT: Siga Bem Caminhoneiro. aparentemente é um programa só para caminhoneiros e quem não dirige caminhão não pode assistir ou algo assim

se você é um caminhão, deve ser legal se ver na televisão também. parabéns pra quem é caminhão. divirta-se com o programa


peço desculpas mas eu não gosto de Mamonas Assassinas. eles são chatos e bobos. talvez se eu tivesse dez anos de idade eu gostaria, mas eu já tenho 26 anos na cara e tenho que pagar impostos todos os dias.

não tenho tempo pra assistir Gugu, preciso lavar o banheiro de casa


essas imagens do novo Super Mario pra Ultra 64 que saíram estão muito incríveis. eu tô alucinada com esse negócio


um ataque terrorista acontecerá no dia 11 de setembro de 2001 na cidade de Nova York destruindo as Torres Gêmeas por favor alertem as autoridades competentes antes que isso se concretize pelo amor de deus alguém faz alguma coisa

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isabela thomé
Mar 22Author

uau, adorei que o Substack não carregou NENHUMA imagem dessa edição. POR FAVOR LEIAM ELA NO SITE AO INVÉS DO E-MAIL, OBRIGADA

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5 replies by isabela thomé and others
@guipolonca
Mar 23Liked by isabela thomé

Vim pra cá ver se as imagens tinham carregado errado ou se era proposital, e gostaria de declarar que no meu headcannon foi proposital

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